março 07, 2016

Relato da amamentação


Uma das coisas que mais senti falta durante a gravidez foi de pesquisar sobre como seria a amamentação. Eu ouvia que seria difícil, mas não fazia ideia de quanto. 

Quando Ivan nasceu logo senti meus peitos encherem e ele fez a pega correta, colostro desceu e foi tudo uma maravilha. Achei que tinha nascido para isso, mas logo vi que não seria tão fácil. Em dois dias o leite desceu no processo que se chama apojadura - processo esse que pode durar dias. Os dutos mamários doíam muito e eu não sabia o que fazer. Estava com pomada para caso os bicos rachassem, mas a dor do leite descendo e ele não saindo me fez ter febre, o peito empedrou, Ivan mamava muito, mas não era suficiente para esvaziar a mama - que logo começou a acumular. 

No dia do meu aniversário ganhei uma bomba manual para fazer a ordenha para tentar esvaziar e cheguei a ter dores horríveis nas costas por causa disso, o tempo apertando a válvula era tanto que fiquei travada. Peito doendo, costas travada e neném chorando querendo mamar. Eu chorei muito, achei tudo aquilo muito sofrido e pensei em desistir. Graças ao meu marido que me deu suporte psicológico eu não desisti. Ele me dizia que tinha orgulho de eu estar lutando para amamentar meu filho e fazendo de tudo para que ele fosse exclusivo de peito. Realmente eu fiz de tudo. Não dormia e passava a noite ordenhando para que ele pudesse ter o peito mais "mole" quando tivesse fome.

Recebi a visita de uma amiga que é enfermeira neonatal que me ensinou uma massagem para amolecer o seio e também a como me ordenhar. Em três visitas dela tudo mudou! Ela também trouxe uma bomba elétrica para que eu não precisasse forçar a coluna, mas não me dei muito bem com ela e usei duas vezes. Depois disso não precisei mais, porque já conseguia tirar na mão. A apojadura foi terrível, eu não via a hora de acabar. Mas acabou. Em dez dias acabou o tormento. Em uma tarde, do nada, a dor passou. 

Mas os incômodos com o peito não. Descobri que tinha hiperlactação e que isso também fazia mal ao Ivan, já que ele se saciava apenas com o primeiro leite (mais leve, sem gordura) e com isso eu precisaria ordenhar antes e depois, caso ele não esvaziasse a mama. Ele teve refluxo por causa do excesso de leite e até hoje (aos três meses), às vezes preciso parar e ordenhar antes dele mamar, porque o seio está cheio.

Ele chegou a fazer cocô verde espumoso, que mostra excesso de lactose, de quando o bebê mama apenas o leite sem gordura. Precisei, então, concentrar na ordenha antes dele mamar deixando apenas o leite gorduroso. Deu resultado. Além disso, diminuí e muito a quantidade de alimentos com lactose que eu ingeria. Ele não teve alergia ou intolerância, mas eu preferi fazer assim.

A amamentação não foi fácil. Queria eu que as pessoas tivessem me falado mais sobre esse período. Minha mãe mesmo falou que com os cinco que ela teve foi assim no início. Então porque ninguém me contou? Acredito que muitas mães deixaram de amamentar seus filhos por causa desse sofrimento inicial, por terem os dutos entupidos e não ter quem as ajudasse. As campanhas de amamentação deveriam focar também na apojadura, que é um período bem difícil. Você está lá no pós parto toda sensível e ainda sofre com isso, sem saber que passa, que é normal e que é preciso bater de frente com a dor.

Eu não desisti e hoje me encho de felicidade ao ver meu filho ser alimentado com o meu leite. Bom, esse foi meu relato da amamentação. Foi difícil, mas é algo totalmente em benefício do bebê, da saúde dele e da mãe (afinal, eu emagreci tudo que ganhei na gestação apenas amamentando).

Detalhes da amamentação:

- Dá sede! Tenha sempre água à disposição.
- Faz o útero voltar ao lugar mais rápido, eu até sentia cólicas.
- Eu tive uma suadeira! Dizem que são as calorias gastas, por isso ajuda a emagrecer.
- Procure um local confortável para amamentar e tenha a almofada de amamentação por perto!
- Teste todas as posições possíveis até chegar em uma que agrade a você e seu bebê.
- Relaxe e curta esse momento olho no olho. Ele passa rápido demais para você ficar no celular batendo papo!

Fiz um vídeo sobre esse relato também. Para assistir clique abaixo!


Não deixe de procurar a ajuda do banco de leite de sua cidade se preciso for. Eles tem especialistas e podem tirar todas as suas dúvidas, além de ajudar com ordenha.


Priscilla
Priscilla

Mãe, esposa, jornalista e dona de casa. Adora cuidar do lar, de música e gatos. Aquela dos olhos coloridos.

Um comentário:

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