fevereiro 26, 2016

Relato do parto - normal com analgesia

parto normal

Esse post demorou a sair. Não por preguiça, mas por falta de tempo mesmo! Há alguns dias eu publiquei no Youtube o relato em vídeo, mas faltava vir aqui contar por escrito pra vocês como foi a sensação de por uma criança no mundo. O meu filho. Meu primeiro filho!

Eu já havia passado das 38 semanas quando comecei a notar todos os sintomas de que Ivan chegaria logo. No dia três de novembro o tampão saiu, eu já estava com muitas contrações de treinamento e que se intensificavam dia após dia. Na sexta-feira, 13, tive consulta com a obstetra. Ali ela me falou que eu estava com dois centímetros de dilatação e que pela experiência dela, ele poderia nascer naquela noite. Eu realmente achava que ele nasceria naquele dia ou dia 14, sempre foi a minha aposta. Fui pra casa e terminei de ver os e-mails do trabalho - foi o último dia que eu trabalhei. À noite as cólicas aumentaram e vieram contrações, fortes como eu ainda não tinha sentido! 

Baixei um app de controle de contrações e fiquei monitorando, ao mesmo tempo em que meu marido também marcava. Estavam ritmadas! No entanto, veio o sono e dormi. Acordei no sábado, 14, sem sentir nada. Sem contrações! O dia passou normalmente  e eu ansiosa! lembro que queria tanto que ele nascesse naquele dia que dancei. Nossa, como dancei! No banho, no quarto, pela casa...e nada dele vir. Nem uma contração. O mesmo aconteceu no dia 15, data que meu marido achava que ele viria. Durante o domingo mandei mensagem pra minha obstetra contando o que aconteceu e ela, espantada, disse que ele era mesmo uma caixinha de surpresas e do contra. Eu tinha consulta marcada com ela na quinta, 19 e ela perguntou se poderia antecipar pra terça, dia 17, porque teria reunião na escola dos filhos. Agradeci, porque eu realmente queria antecipar!

Na madrugada de segunda tive contrações, mas com o sono que eu tava dormi e acordei sem contração nenhuma. O dia transcorreu normal, como no sábado. Mais nenhum sintoma e eu dançando. A noite foi tranquila e eu, que estava ansiosa por não ter que dividir meu aniversário com ele, já estava conformada de que ele poderia nascer dia 20. 

Fui na consulta dia 17 tranquila. Arrumei a casa, me arrumei e fui com o marido. Andando igual a um pato e cansada! Fui de metrô e tudo. Durante a consulta a médica me diz que eu ainda estava com dois centímetros de dilatação, que aquelas contrações todas do fim de semana não fizeram diferença. Fiquei meio frustrada, mas conformada. Saí de lá com o pedido de um exame de sangue e ultra, além de que eu deveria voltar em uma semana ao consultório.  Saí de lá e fui direto fazer esse exame de sangue. Durante a espera pra me chamarem pra coletar comecei a sentir contrações, mas eu tava tão acostumada com elas, que nem liguei. Dali fui almoçar e foi durante o almoço que as contrações ficaram mais fortes. Lembro que Rodrigo conversava comigo e eu me desliguei do assunto e fiz cara de "cala a boca", enquanto apertava a mão dele. Falei que tinha sido forte e ele pediu que eu avisasse à médica, já que estávamos perto do consultório ainda.

Mandei mensagem pra ela que prontamente respondeu: vá caminhar e em uma hora volte. Fiz exatamente isso. Sabia que caminhar poderia aumentar a dilatação e assim fiz. Depois de uma hora estava de volta ao consultório e me deu uma vontade enorme de fazer "número 2". Dizem que isso é sinal de que o corpo quer se limpar pro bebê nascer. Fiz e quando saí ela foi me examinar. Estava com três centímetros de dilatação. Em uma hora dilatei um centímetro! As contrações estavam fortes e ela me mandou ao hospital, disse que eu poderia ser internada naquele dia como também podia estagnar. Eu estava descrente de que ele nasceria ali, pra mim poderia durar horas o trabalho de parto e ele ser do contra e querer ficar mais.

Falei que estava de metrô e que queria ir pra casa buscar minhas malas, caso ele nascesse. Ela me achou meio louca, disse que poderia ser rápido e não dar tempo. Então resolvi que pegaria um taxi e iria pra casa, jamais iria direto pro hospital! Queria me despedir da casa, da Lola, ver que deixei tudo em ordem. A médica me deu um buscopam para tentar amenizar a dor. Se fosse contração de treinamento (ara, pois), iria passar. Mas não passou. Peguei trânsito e respirava fundo dentro do carro. Me concentrava como podia: celular, respiração, música. Em casa só deu tempo do marido arrumar a mala dele da maternidade e por comida pra Lola. Fomos direto pro hospital e logo fui atendida na emergência.

Ali fui examinada pelo médico plantonista que disse que eu já estava com quatro centímetros. Vi que estava evoluindo bem e então fui fazer o exame de cardiotocografia para ver como estava o bebê. Foi então que me avisaram que eu seria internada, mas que aguardariam a minha obstetra chegar para me levarem para o quarto. Quem chegou foi o médico assistente e eu já estava com cinco centímetros de dilatação! Isso tudo muito rápido. 

As dores eram cólicas mais fortes (minhas cólicas já são fortes, que doem a lombar e enfraquece as pernas), mas tava tudo suportável até então. 


No quarto de pré-parto, onde eu poderia ter parto normal, eu ia tomar banho de chuveiro, mas desisti. Minha obstetra chegou e com ela o anestesista. Em seguida chegou o restante da equipe (pediatra e auxiliar). Fizeram outro cardiotoco que deu que o bebê estava ficando os batimentos cardíacos mais lentos. Pedi que Rodrigo rezasse pra que isso mudasse, porque eu não cogitava fazer cesariana. Foi então que a médica pediu que eu ficasse de lado e na mesma hora os batimentos cardíacos dele subiram. Quando eu estava com sete centímetros me deram a analgesia. Eu já havia combinado com a obstetra que eu iria querer e que ela nem me escutasse caso eu mudasse de ideia. Essa foi a pior parte, porque a contração já estava ficando dolorida e tive que ficar de lado em forma de C (conchinha) sem me mexer pra poderem por o cateter na coluna. É. Cateter, além de tomar a analgesia - que me permitia os movimentos, mas sumia com as dores, tive que ficar com um cateter caso fosse preciso fazer cesariana de emergência.

Depois dessa parte, que parecia que eu tava num hospício (obstetra segurando meu braço e assistente as pernas pra que eu não me mexesse), tudo aliviou. A médica estourou minha bolsa para que as contrações aumentassem e a dilatação ficasse mais rápida, pro bebê não sofrer. Nem senti, quando vi a água com sanguinho estava dentro de um penico. A partir dali foi tudo muito rápido. A médica teve que decidir se eu ficaria naquela sala de pré-parto ou iria pra sala de cirurgia. Como os batimentos cardíacos do Ivan voltaram a cair, ela optou ir pra sala de cirurgia, caso fosse preciso fazer cesariana. Fomos para lá e quando cheguei lá já estava com 10 centímetros de dilatação. 

Quando ela falou "faz força" eu disse "mas já?". E ela disse que eu já tinha passagem e que ele já poderia vir ao mundo. Lembro que não soube fazer força e ficaram me ensinando, porque diziam que eu fazia força na garganta. Sei que todos os profissionais começaram a falar ao mesmo tempo como eu deveria fazer força e eu mandei falarem um de cada vez em um jeitinho meio Priscilla de ser. O médico assistente é que ficou me orientando junto com o Rodrigo. O moço tinha o dom de acalmar, falava baixo e calmamente. Rodrigo segurava minha mão direita, enquanto o assistente segurava a esquerda. 

Em uma das forças percebi que a barriga na altura do estômago havia sumido, foi quando me toquei que Ivan estava lá embaixo já e não dava mais pra ficar aprendendo a fazer força. Eu sentia um misto de vontade de fazer coco e xixi ao mesmo tempo e relatava isso aos profissionais. Quando a auxiliar técnica falou "eu tô aqui pra limpar qualquer coisa que você fizer, caso faça. É normal", eu relaxei. Sei que fiz xixi, mas não fiz cocô. A vontade de evacuar era grande e falaram que se eu relaxasse como quem fosse evacuar, ele nasceria. E foi assim. Em poucas forças que fiz Ivan veio ao mundo. Eu relaxei e ele nasceu.

Lembro que fechei os olhos na última contração e fiz força e o médico assistente falou "você vai perder esse momento, mãe? De ver o seu filho chegando ao mundo?". Eu não estava ligando de ver, afinal tinham tirado meus óculos ao entrar na sala de cirurgia, sabia que veria pouco. Eu queria sentir. E, apesar da analgesia (que estava passando), eu senti ele sair. A cabeça, os ombros, o corpinho e o cordão. Quando senti o cordão sair eu abri os olhos e pude ver a médica levantando ele e colocando ele sobre minha barriga. 

Fiz carinho nele, admirei seu rostinho, mas ele não chorou. Foi então que me explicaram que nem sempre choram. A pediatra levou ele pro bercinho e aspirou o nariz e colocou na mantinha e ele voltou pra ficar comigo. Depois de um tempo é que ele foi para o berçário fazer exames e eu fui para o quarto. Enquanto ele estava comigo me limparam e levei três pontos no períneo porque na hora que ele saiu lacerou um pouco. Mas foi tão ridículo que até hoje não sinto nada e nem senti na época. Não precisei de episiotomia e ocitocina, foi tudo como eu realmente queria! Foi um trabalho de parto rápido! Dei entrada no hospital às 18h20, internei às 19h30 e às 22h33 ele nasceu! Se for somar as contrações que vieram na hora do almoço, tudo durou oito horas.

No quarto comecei a avisar à família, porque até então eu não tinha avisado. Eu já havia falado que não queria ninguém no hospital, porque trabalho de parto normal poderia demorar e também não queria que minha mãe corresse o risco de ter a pressão arterial aumentada por nervoso. Se eu fosse pra cesariana, aí sim avisaríamos. Pouco depois que dei entrada no quarto, Ivan chegou e passou a noite comigo ali. Na maternidade que ele nasceu (Casa de Saúde e Maternidade Santa Lúcia, em Botafogo), eles fazem alojamento conjunto mãe e bebê desde o início! E assim estou com ele até hoje!

Durante a internação vieram nutricionista, enfermeiras, psicóloga e tudo mais! E me alimentei duas horas após o parto e estava andando normalmente depois. Ivan teve que tomar complemento ao nascer, porque a glicose estava baixa e apenas colostro não aumentou. Mas foi apenas uma dose, porque depois estabilizou. Ele pegou o peito de primeira e mamou feito um bezerrinho! Incrível como o leite desceu após o choro do nascimento dele! Na hora que pus a mão no peito ele estava muito maior do que na gravidez!

Tive alta dia 19 pela manhã e minha vida, desde então, está sendo renovada todos os dias. Tudo é novidade, tudo é maravilhoso, apesar dos desafios!

Esse foi meu relato do parto! Se quiserem ver ele em vídeo assistam clicando abaixo!



Youtube  Instagram ❤ Twitter ❤ Facebook ❤ Pinterest

Priscilla
Priscilla

Mãe, esposa, jornalista e dona de casa. Adora cuidar do lar, de música e gatos. Aquela dos olhos coloridos.

2 comentários:

  1. Eu falei pra voce que seu parto ia ser rápido ia durar no máximo 3 horas a partir da entrada no hóspital.

    ResponderExcluir
  2. Oi Priscila,
    Emocionante o seu relato de parto. Ainda não sou mãe, mas quando for quero que meu bebê nasça assim. A recuperação da mulher é muito melhor.
    Big Beijos
    Lulu on the Sky

    ResponderExcluir

Blog da Priscilla/Garota de Escorpião existe desde 2010. Tecnologia do Blogger.