maio 13, 2015

Por que eu não compro em sites orientais?


Um dos post que mais me pediam para fazer era a respeito de compras em sites do exterior, principalmente os chineses, como o AliExpress. Por mais que eu respondesse que não comprava – exceto uma vez que fiz pedido de capas de celular pelo Ebay – algumas pessoas ora me pediam explicações ora me julgavam. Primeiro, porque esperam de mim uma posição para decisões que elas vão tomar. Segundo, porque eu como blogueira deveria comprar, afinal outras compravam e faziam posts bombadíssimos sobre suas comprinhas em sites do oriente.

Para chegar na minha resposta preciso contar uma historinha antes. Meu primeiro emprego quando vim morar no Rio foi como auxiliar administrativo em uma indústria do ramo de moda. Nessa confecção eu pude conhecer a fundo a realidade das pessoas que entregam o produto bonitinho na loja para o cliente. Do meu escritório fechadinho e com ar condicionado eu ia para o chão de fábrica lidar com cada trabalhador, de serviços gerais até chefe de costura, passando pelo setor de corte, modelista, passadeira, estoquista, costureiras, bordadeiras, estilista e, claro, os donos.

A verdade é que para cada uma peça que você pague R$100, esses trabalhadores receberão uma parte ínfima por elas. E eu digo isso com propriedade, porque era eu que fazia o pagamento deles, era quem dava dinheiro para cada compra de aviamento e conversava com eles sobre as dificuldades do dia a dia. No final do mês, o salário de quem dedicou horas e horas (muitas extras) em troca de um salário mínimo. Lembrando que a jornada não era fácil. Era de 8h às 18h, trabalhando alguns sábados, domingos e feriados (principalmente quando o lançamento da coleção se aproximava).

A partir da minha experiência nós vamos para a parte oriental do mundo. Diversos países como China, Índia, Bangladesh, entre outros, possuem mão-de-obra extremamente barata, porque as pessoas se sujeitam a isso em troca de qualquer dinheiro ou comida. Outros, como existe em outras grandes capitais, como São Paulo, utilizam de escravidão – e entram aí qualquer tipo de estrangeiros em seus países, como bolivianos, africanos e refugiados de guerra.

Quando sites vendem roupas a preços extremamente baratos do que os vendidos no Brasil eu já estranho. Tiro como comparação as roupas que eu adquiro na Rua Teresa, em Petrópolis (RJ), porque lá são confecções pequenas que vendem, muitas vezes, em suas lojas próprias. Ou seja, o custo delas é o real e sem abusos (os impostos por mais abusivos, são necessários à sobrevivência da própria empresa e cidade que a sediam). Quando pago R$ 15 em um blusa de malha e R$ 50 em uma calça jeans eu vejo que não estou compactuando com a exploração de ninguém, muito pelo contrário. Em Petrópolis, pelo menos, a confecção é um dos motores que movimenta a economia da cidade.

Sempre estranhei o fato de uma roupa ser barata demais, sempre achei curioso o fato de a produção em massa conseguir números em tão pouco tempo e nunca confiei naquilo que não há legislação disponível. Quando via marcas indo para essas regiões do planeta em busca de mão-de-obra barata eu ficava nervosa, porque eles tiram do país deles, que não aceita as condições e valores e optam por um que se sujeite a tudo.



O desabamento do prédio Rana Plaza, em 2013, onde mais de mil trabalhadores de Bangladesh morreram enquanto faziam roupas para marcas americanas em condições desumanas, levantou a questão, mas vi muitas pessoas (inclusive formadores de opinião), taparem os olhos para o acontecido. Grandes conglomerados de moda estavam envolvidos e nada fizeram. Aqui no Brasil mesmo tivemos escândalos envolvendo nomes de famosas fast-fashion. Por esse motivo eu prefiro comprar na Riachuelo, que possui fábricas no Brasil, a comprar das que trazem do exterior – com selo importado, claro, mas que diferença faz ao consumidor se vem da Holanda, Bélgica ou China?

O dia 24 de abril ficou conhecido como Dia da Revolução Fashion por causa da tragédia em Bangladesh. Para que o acontecido não ficasse esquecido a organização sem fins lucrativos Fashion Revolution criou uma vending machine para conscientizar as pessoas do que ocorre quando uma pessoa compra uma peça de roupa muito barata. As máquinas foram instaladas em Berlim e chamaram atenção dos pedestres oferecendo camisetas por apenas 2 euros.



Ao clicarem em comprar era exibido um vídeo sobre as condições de trabalho de quem fabricava aquela peça. Ao final, era exibida a opção: comprar ou doar. Não é difícil compreender porque as vendas não foram boas.

Depois de tudo isso, acho que está mais que notável a explicação de porque não compro nada nesses sites orientais: por causa da exploração de trabalho.

Nessa linha de raciocínio não compro maquiagem ao qual não sei a procedência, por causa das leis de testes em animais e outros componentes químicos. E vocês o que fazem a respeito dessas compras?




Youtube  Instagram ❤ Twitter ❤ Facebook ❤ Pinterest
Priscilla
Priscilla

Mãe, esposa, jornalista e dona de casa. Adora cuidar do lar, de música e gatos. Aquela dos olhos coloridos.

Um comentário:

Blog da Priscilla/Garota de Escorpião existe desde 2010. Tecnologia do Blogger.