junho 09, 2017

Falando de dinheiro


Muitos brasileiros desejam saber como fazer sobrar dinheiro no final do mês. Em tempos de alto endividamento e inadimplência (que atingiu 59,2 milhões de consumidores no final de março, segundo SPC Brasil e CNDL), é válido discutir: por que é tão difícil fazer sobrar para usar com aquilo que realmente importa? De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, a maioria das pessoas deixa para poupar para os seus sonhos quando – e se – sobrar dinheiro no final do mês, algo difícil de acontecer, já que a quantia disponível na conta, sem objetivo atrelado, é comumente utilizada sem planejamento.

“As pessoas precisam mudar a forma de pensar o orçamento mensal. Ao invés de esperar ou tentar fazer com que sobre dinheiro, devem resgatar aquilo que realmente desejam em sua vida, seus sonhos e metas pessoais e familiares, e poupar para isso dinheiro em primeiro lugar. Não é uma questão de números ou de incrementar a renda, e sim de ter novos hábitos, mais conscientes”, orienta Domingos.

Segundo o especialista, muitas pessoas abandonaram o hábito de sonhar, talvez pela correria do dia a dia ou pelo medo de não conseguir realizar. Por isso ele desenvolveu a metodologia DSOP, que direciona para a conquista dos sonhos por meio de seus quatro pilares – Diagnosticar, Sonhar, Orçar e Poupar – e sugere uma nova forma de organizar o orçamento financeiro: ao invés de Ganhos (-) Gastos = Lucro/Prejuízo, fazer Ganhos (-) Sonhos (-) Gastos.

“Ter educação financeira não é fazer sobrar dinheiro no final do mês, e sim poupar em primeiro lugar para conquistar o que realmente importa e, então, readequar o padrão de vida para o que sobrar. É possível ter constantes realizações, conquistas de sonhos de curto, médio e longo prazo, mudando apenas a forma de lidar com as finanças”, afirma o educador financeiro.

A orientação é que, logo que receber o salário, a pessoa já retire a quantia mensal necessária para a realização dos sonhos, colocando o montante na melhor opção de investimento de acordo com o prazo. “Ou seja, ao invés de fazer sobrar, é preciso poupar para o que realmente importa, antes de gastar”, orienta Domingos.



Dinheiro do casal

Muitas famílias não tem organização financeira e o dinheiro de um é apenas o dinheiro de um, não da família. Para que o orçamento seja planejado é preciso diálogo. Quando falamos de finanças para casais, é importante cuidado para evitar brigas, o que é muito comum.  Essa informação é bastante preocupante, já que demonstra uma grande possibilidade de problemas relacionados ao dinheiro no futuro. Isso porque, a primeira dica em relação ao tratamento do dinheiro do casal é sempre muito diálogo, mas isso também não ocorre.

O mais adequado é construir um orçamento familiar baseados nos sonhos e objetivos da família. Também é muito importante que ocorra o quanto antes a definição de regras financeiras a serem seguidas, como quem paga o quê. Contudo, essas regras devem ser alvos de constantes reavaliações. Para o casal, algumas questões se mostram fundamentais, como a questão de como dará a divisão das contas. É possível ter uma conta conjunta para que esses compromissos sejam pagos. Porém, acredito que seja interessante avaliar a possibilidade de cada um ter sua conta corrente, definindo os limites, pois cada um pode ter seus próprios gastos.

Já, quando o assunto é investimento, esse deve ser feito em conjunto, pois, assim, se poupa mais dinheiro e obtém melhores resultados. Só tratando de forma diferenciada a questão da aposentadoria, já que esse investimento deve ser separado para cada um, lembrando que, quem não construir sua aposentadoria, um dia, terá que pedir dinheiro para alguém, certo? O segredo, então, é colocar tudo na mesa, nunca esquecendo que o assunto mais importante a ser conversado não são as despesas, e sim os sonhos e desejos individuais e coletivos. É muito comum os sonhos serem deixados de lado, mas, acredite, esse é um erro capital de milhões de casais.

É importante estar atento, colocando sempre, no mínimo, três sonhos – curto (até um ano), médio (de um a dez) e longo prazo (acima de dez anos) –, todos acompanhados de informações básicas, como quanto custa e quanto será guardado mensalmente. Caso contrário, não serão sonhos, e sim verdadeiros pesadelos para os casais, podendo “esfriar o relacionamento”.

É preciso reforçar que, mesmo tendo contas separadas, quando se opta pelo casamento, é preciso não discriminar quem ganha mais ou menos. Trata-se de uma família e, neste caso, a receita deve ser pensada e somada para todos que dela participam. Assim, se deve definir um limite de gasto para cada um e fazer com que ele seja respeitado. Caso isso não ocorra, deverá ser motivo de diálogo.



Veja algumas orientações do especialista:

1. Reuniões frequentes entre o casal para debater as finanças, porém, diferente do que ocorre frequentemente, esse não deve ser um momento apenas de tensão, mas sim de projeção;
2. Estabeleçam sempre sonhos de curto, médio e longo prazos, lembrando que se deve ter objetivos coletivos e individuais;
3. Um ponto que geralmente é foco de divergências é o padrão de vida que o casal leva, assim, faça um diagnóstico financeiro e, com os números reais da vida financeira, ajuste o padrão dentro dessa lógica;
4. Outro motivo de briga é o fato de um dos parceiros ser mais acomodado. É importante entender que cada um possui um estilo, assim, recomendo a busca de um meio termo, com regras bem estabelecidas e não ficar batendo sempre na mesma tecla;
5. O ponto fundamental é que, quando só um dos parceiros trabalha externo, também deve se ter a preocupação com a vida financeira em longo prazo, no caso aposentadoria;
6. Caso tenham filhos, é preciso inclui-los na conversa sobre dinheiro e, mais do que isso, também devem chegar a um acordo sobre como será a educação deles em relação às finanças;
7. Se um dos parceiros fez alguma ação errada em relação ao dinheiro, lógico que haverá um nervosismo inicial, por isso, tente deixar o debate para um momento no qual já conseguiu se acalmar um pouco e refletir sobre o ocorrido. Contudo, não finja que nada ocorreu, guardar pode causar “estouros” futuros;
8. Lembrem-se, é nas dificuldades que vemos com quem realmente podemos contar. Assim, em caso de crise financeira, em vez do distanciamento, o ideal é buscar estar mais perto de quem gostamos.

Ações pontuais

Aqui em casa estabelecemos uma organização nos pagamentos e cada um fica responsável por uma conta. Caso um mês fique mais apertado para o outros, a divisão continua sendo feita de maneira justa. No entanto, o que mais vejo de importante aqui é que não gastamos além das possibilidades. Isso significa não usar muito o cartão de crédito. Usamos eles apenas em compras internacionais relevantes ou em valores mais altos, que parcelamos. O que der para passar no débito nós passamos. Se não tem em conta, não compramos. Fim.

As moedinhas também vão para um fundo de reserva que no final do ano segue para a poupança. Esse fundo de reserva já nos salvou em meses que a grana estava curta devido a um reajuste na luz, por exemplo, e era o dinheiro do pão da semana ou uma passagem de metrô. Estabelecemos limites de gastos para mercado e contas habituais. O que sobra vai pra poupança. Somos bem controlados em gastos, apesar de ter filho pequeno (quem tem sabe que toda hora surge algo pra comprar).

No vídeo abaixo conto algumas dicas e formas como lidamos com dinheiro aqui em casa:

Priscilla
Priscilla

Mãe, esposa, jornalista e dona de casa. Adora cuidar do lar, de música e gatos. Aquela dos olhos coloridos.

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