Uma de minhas resoluções para o 101 coisas em 1001 dias era ler pelo menos um livro por mês. O meu tempo é escasso e a única hora que encontrei para ler em paz é no metrô durante o trajeto de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Cumpri a cota de novembro, já que o meu 101 dias começou dia 20/11. Até o dia 20 de dezembro eu peguei o livro A Beleza Impossível, de Rachel Moreno, publicado pela Editora Ágora. O livro fala sobre a eterna insatisfação com o corpo e o quanto a mídia e marcas são responsáveis por isso. É feminista, fala de todos os recortes possíveis do sexo feminino e dá um sacode a quem vive de aparência.
Ricamente associado a fatos históricos, que dá um forte embasamento da realidade em que vivemos. Aborda as minorias e repressões contra obesas, negras e velhas, além de reforçar a todo momento o quanto a juventude sofre com toda essa pressão. O estilo de escrita leve parece conversar conosco na sala de casa e por isso mesmo é super possível devorar as páginas de uma vez só (eu terminei em cinco dias lendo nos poucos minutos dentro do metrô!).
"O massacre é
diário e multimidiático. Minuto a minuto, a mídia incute nas mulheres um ideal
de beleza inatingível, artificial, mercantilizado. Até as mais bem informadas
sucumbem a tal apelo, e fazem de tudo para alcançar esse objetivo, gastando
rios de dinheiro em cremes, xampus, complexos emagrecedores, escovas
progressivas e tudo mais que prometa mudar a aparência. Algumas até se deixam
levar e comprometem a própria saúde fazendo regimes desumanos e se submetendo a
cirurgias que muitas vezes geram resultados nefastos. Como chegamos a
esse ponto, depois de tantas conquistas importantes no último século? A quem
interessa vender uma beleza inalcançável? De que maneira a mídia manipula nossa
consciência em nome dos interesses do mercado? Quais são as conseqüências para
as adolescentes de hoje? Onde entram as 'diferentes' nesse sistema? Rachel
Moreno responde a essas e outras perguntas neste livro vigoroso e crítico,
apontando caminhos para que a mulher possa se defender dessas armadilhas."
Não adianta acreditar que com você é diferente. Em algum trecho você vai se identificar! Estamos tão manipuladas que não enxergamos o quanto pequenas coisas nos afetam de forma grandiosa em nossa rotina.
Deixei alguns aperitivos para vocês lerem na imagem e vou escrever abaixo algumas frases para quem não conseguir ver.
"Importam mais a aparência e a plasticidade do que o conforto e a saúde. Assim, pouco importa se calcinhas de náilon e fibra sintética aumentam a temperatura local, que assim se torna ideal pra a proliferação de bactérias, corrimentos e afecções vaginais. O que importa é que essas peças sejam belas e modernas, relegando a moldes antiquados o bom e velho algodão e os demais tecidos naturais" - e assimdiscorrem como a indústria de cosméticos se apossa disso, já que essas afecções levam ao uso de sabonetes íntimos, absorventes diários e por aí vai.
"Ai, meu Deus! Eu não aguentei! Cedi à tentação! Me arrependi tanto! Eu prometo, prometo, prometo que fico três dias na maior abstinência se eu for absolvida. Só Hoje, meu Deus, só hoje, faça que a balança não acuse meu deslize de ontem. Prometo não repetir, Amém!" - Trecho em que ela comenta algumas situações que as mulheres vivem, alardeadas pela culpa de comerem aquilo que "engorda" ou o que dizem que faz mal.
"-Que horror! Em países da África submetem as meninas à incisão do clitóris, como hábito cultural!
- Que terrível! As mulheres ocidentais cortam a própria carne, na tais "operações plásticas", sem que estas tenham sequer significado cultural" - Pontos de vistas diferentes que revelam que em nome da beleza as mulheres ocidentais também se mutilam.
Eu exibindo a minha beleza real - com sardas, olheiras, cabelo molhado, sobrancelha bagunçada e outros aspectos NATURAIS do ser humano.