janeiro 22, 2013

Consumismo Infantil

O assunto a ser desabafado hoje é algo que venho notando e muito em qualquer lugar que vou: consumismo infantil. Muito além do "compre Batom" ou "eu quero minha Caloi", tenho visto propagandas exclusivas às crianças, falando diretamente com elas e com uma linguagem de exclusão caso ela não tenha o que eles alegam ser necessário ter.

Vou citar o exemplo que me levou até esse desabafo: assistindo Disney Channel (Os Feiticeiros de Waverly Place - confesso) me deparei com o comercial da Claro voltada diretamente às crianças, mostrando que elas TINHAM QUE TER um smartphone e que TINHAM QUE PEDIR para o pai e a mãe, que quem não tivesse era um e.t, sabe? fiquei chocada com a linguagem, as crianças eufóricas com o aparelho naquele mundo paralelo que só quem tem celular com internet sabe como é.

Passado uns dias estou assistindo ICarly, no Nickelodeon (confesso de novo, eu adoro!) e outro comercial da Claro incitando as crianças a pedirem um smartphone de Natal para os pais.  Conversei com meu marido a respeito desse consumo para as crianças como se ter um smartphone fosse mesmo necessário na idade delas. As do comercial deveriam ter uns 6 anos e nessa idade a única coisa necessária e ir pra escola e brincar! Celular não é brinquedo, ainda mais com acesso a internet, onde há diversos perigos para quem ainda não tem maturidade suficiente para lidar com as adversidades.

Deixem as crianças brincarem com brinquedos! Se for um celular para jogar, dê um WiiU, PS3 de bolso...qualquer coisa do gênero. Celular não tem que ser item de consumo obrigatório, ainda mais para uma criança que precisa de atenção na escola. Se já está difícil lidar com adolescentes com celulares em sala de aula hoje, o que dirá dos pequenos?

Essa adultização das crianças me assusta. São pais permissivos que deixam as crianças passarem horas na frente de um computador jogando e acessando a internet, com conteúdo livre para o que quiser. Se para sua tia já é difícil se controlar ao ver um "clique aqui para receber o seu prêmio" ou "você é o ganhador de R$500 mil, clique aqui" ou pornografia mesmo que em qualquer termo que se use no Google aparece, o que dirá de pedófilos.

Essa permissividade também entra nas redes sociais, onde pais deixam que os filhos ainda crianças tenham conta no Facebook. O FB é exclusivo para maiores de 13 anos, porque entende que menor que isso não tem condição de lidar com tantas informações e aplicativos que tem lá. Mas o pai ou a mãe vai lá e cria uma conta pro filho estar inserido no que ele chama de sociedade. É realmente necessário? Se for por causa de jogos porque não deixa que ele jogue na sua conta? Eu mesma possuo jogos vinculados a minha conta que meus sobrinhos jogam/jogaram e que ocultei qualquer publicação no mural para não interferir nos meus interesses dentro da minha rede.

É engraçadinho a criança ter uma conta na internet, um celular, passar batom, usar roupa de adulto, dançar sensualizando...uma vez só, talvez até seja. Mas fazer disso frequência e transformar sua criança num avatar mini é horrível. Perde-se a infância por pouca coisa. Os brinquedos já não satisfazem mais? Usar o computador/celular é mais atrativo que brincar com jogos, brinquedos, criar e jogar bola? Muitos dos problemas na infância estão nos pais que por não saber dizer não vão dando ao filho tudo o que pedem, por medo de não ter o amor de volta.

Sentar no chão para brincar com o filho parece cansativo após um dia intenso de trabalho, não é? Mas é isso que cria vínculo, não é deixando uma criança dia e noite na frente da tv, usando computador e dando tudo o que pede (porque passa na tv e já viu, né?). A infância passa muito rápido, só se é criança uma vez. Deixa pra ele usar tanta tecnologia quando crescer.

Brinquei de boneca e na rua com os amigos até os 15 anos. Nunca me permitiram ser consumista e me importar com marcas. Se assisto a programas como ICarly é porque eu me canso dos abusos e exploração de conteúdos sexuais em demais programas, acabo querendo assistir algo que me faça rir e que me permita assistir na frente de quem for. A vida já é tão puxada e tensa...

Não precisamos de mini adultos, precisamos de crianças bem resolvidas com sua infância e que desapeguem de qualquer coisa que seja passageira. Percebo que hoje os filhos dão mais valor ao tempo no computador do que ficar com os pais. Os pais preferem o filho ali no computador onde está a vista livre e não está perturbando. Muito triste isso. 

A valorização do amor não deveria ser na troca de presentes, nem na permissividade. Tem que estar apenas no afeto. Mas isso não tem no comercial e nem vende na loja mais cara...


Priscilla
Priscilla

Mãe, esposa, jornalista e dona de casa. Adora cuidar do lar, de música e gatos. Aquela dos olhos coloridos.

Um comentário:

  1. Há tempos venho reparando nisso tb. As crianças não têm mais o prazer de pedir a última Barbie que lançou ou o boneco robô que se transforma em um navio de guerra. Td agora gira em torno de importados, celulares e tablets. Minha prima de 5 anos pediu um tablet pro meu tio de Natal. Não sabe nem o que é ou pra que serve, mas como a fulaninha tem, quis tb.... e assim a delícia da infância vai sendo substituída por máquinas e equipamentos. Fico imaginando como vai ser na geração dos nosso filhos... eu vou ser uma mãe super "chata"! Só vai brincar com coisas da idade pra não pular nenhuma fase da vida. Assim que tinha que ser sempre.

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