abril 15, 2010

O dia que o ônibus não explodiu

Andar de ônibus hoje em dia chega a ser um momento de lazer. Tudo bem que passamos por momentos tensos, mas veja bem, até em busão lotado dá pra você tirar umas boas risadas se tiver de bom humor. Stand-up Comedy, galera!!
Daí que num trajeto de 20 minutos casa-trabalho (sem trânsito) eu me deparo com um ser que senta do meu lado e começa a falar sozinho. Eu tava com meu fone de ouvido, mas reparei que tinha alguém falando muito próximo a mim e que olhava na minha direção algumas vezes.

Quando tirei um fone só ouvi a frase:
-Depois ninguém sabe porque eu só uso granada.

Que? Eu tava do lado de um assassino psicótico, um maníaco terrorista!! Corram! Fujam para as montanhas!

A minha cara devia estar bem bonita (de pânico), porque o cara olhou e perguntou: -tá tudo bem moça? Não vou fazer mal pra você não, pode ficar tranquila.
Ah tá, você diz que usa granada, tá dentro de um ônibus um pouco cheio e não vai me fazer mal? Vai esperar eu descer pra jogar o artefato?

Nisso ele continua as lamentações dele, que as pessoas não tem bom senso, que deveriam se cuidar melhor e que ele não poderia também sair distribuindo granada pra cada um.
-Oh, really? Uma só pro busão todo basta.

Daí ele olha pra mim de novo e diz:
-Você não precisa de granada, você é cheirosinha.

Cumanssim, galera? Ele explode quem fede? Minha cara foi ficando cada vez mais de CUMA?

Nisso ele abre a sacola e pega algo.
Eu já tava quase saindo correndo, pulando por cima das pernas dele, quebrando o vidro...qualquer coisa. Minha hora chegou e eu iria morrer num ônibus ouvindo George Michael. Porque?Porque?Porque? Mamãe cuidou com tanto carinho pra isso acontecer aqui, comigo?

Nisso, vendo minha vida passar diante dos meus olhos, o cara tirou um sabonete. GRANADO.
Eu disse S.A.B.O.N.E.T.E. G.R.A.N.A.D.O.

Minha cara de puta pro homem, vocês imaginam. Antes que ele falasse qualquer coisa eu já tava dizendo: -É GRANADO. Com O no final.
Ele fez cara de cu e continuou.
-Essas pessoas saem de casa já fedendo, imaginam quando voltam pra casa?

Mô Póai, ele estava falando da catingueira do povo. O que ele usa é Granado, o sabonete.
Isso que dá ouvir conversa pela metade. Isso que dá usar os dois fones de ouvido no ônibus.

Até a hora que ele desceu do ônibus eu tava bem puta, sabe? Mas depois comecei a rir sozinha. Fiquei imaginando uma explosão de sabonetes.

Andar de ônibus no Rio é tenso, porque você nunca sabe que louco vai sentar do teu lado, ou se vai ser assaltado ou sei lá o que. Mas olha, da próxima eu pergunto sobre o assunto antes de me apavorar com qualquer coisa.

Fui.
Priscilla
Priscilla

Mãe, esposa, jornalista e dona de casa. Adora cuidar do lar, de música e gatos. Aquela dos olhos coloridos.

2 comentários:

  1. AI PRI...
    ADORO OS SEUS CONTOS!!! HEHE
    ESSA DA GRANADA, OU MELHOR , DO GRANADO FOI ÓTIMO!!KKK
    EU VOU AGUARDAR A FOTINHA TA?
    BEIJOS!

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